quinta-feira, 15 de julho de 2010

“Ah tristeza,
você está mais solitário do que eu.
Quer o meu aconchego,
tenho percebido isso,
tal a sua presença constante
em mim.
Como poderia
um solitário consolar um triste?
Controverso,
incompatível,
descredibilizada relação,
desabilitada pela razão.
Ah vida medíocre e insólita,
mentirosa em suas promessas.
Os seres são iludidos pela conversa fiada que é proferida
por idiotas que trabalham a seu favor.
Quem te disse que podes afirmar por aí
que é fácil viver?
Nunca saberias!
Miserável!
Infame!
Louca!
Burra!
Coxa.”

(Alan Silva)
Quando penso em mim,
Penso em tudo que poderia ser e não sou.
Poderia ser quem eu quisesse ser,
Se não fosse a sacana da vida para direcionar aquilo que eu tenho que ser.
São tantas questões a considerar
Os projetos dos outros a executar
Agradá-los
Ser quem eles queriam ser e não são
Pobres mortais
Reles mortais
Reles eles e eu
Não sou melhor do que eles
Sou tentando ser
Eu
Tentando e tentando e tentando...
Não quero ser ninguém
Mesmo que eu ande muito e veja que não sou ninguém
É isso que eu quero
E o prazer esta aí
Em ser o que se quer
Errar por que quis
Acertar porque quis
Vencer
Sofrer
Chorar
Maltratar
Perturbar
Consolar
Desconsolar
Ah
Quero deixar de ser quem eu não sou e não quis ser por querer ser eu não tu ou vós ou nós ou
Eles
Mas se isso não for bom
Quero ser nada e
Nada
Não tem razão
Coração
Pulmão
Feição
Constatação
Abstração
Corrupção
Digestão
Comparação
Concepção
Automação
Edição
Ação.

O meu sangue é uma cachoeira pronta se preciso for para te banhar.

Quero utilizar a minha carne para te alimentar, assim você saberá

quem sou.

Sou teu,

impalpável,

sem sombra,

o que me restou,

esse sou eu.

(Alan Silva)